quinta-feira, 28 de outubro de 2021

Uma breve explanação sobre o artigo Lomismo/Islismo: Poéticas gemelas de César Vallejo, escrito por Pedro Granados


Uma breve explanação sobre o artigo Lomismo/Islismo: Poéticas gemelas de César Vallejo, escrito por Pedro Granados

Adel Malek Hanna

O artigo Lomismo/Islismo: Poéticas gemelas de César Vallejo, escrito por Pedro Granados, promove uma reflexão a partir dos poemas I e II de Trilce, em que o primeiro relaciona-se com o Islismo, e o segundo com Lomismo. Nessa construção, o autor propõe fazer uso do “pensamento arquipélago”, que tem como princípio não de um relativismo, como sendo uma ilha isolada, e muito menos de totalidade como os limites impostos do continente, mas sim como sendo uma visão de todo-mundo, a totalidade de dados conhecidos e desconhecidos nesse todo-mundo. O segundo, e não menos importante, é a “Poética do Relacionamento”, um pensamento rizomático em que toda identidade se prolonga em uma relação com o outro. E o terceiro trata-se do “direito da opacidade”, não enquanto espaço impenetrável, fechado, mas como subsistência de singularidade, de coexistência, um modo de relação que rompe com a redutibilidade. A partir da compreensão dos três elementos apresentados, torna-se perceptível a proposta de Granados em estabelecer o entrelaçamento entre o meta-arquipélago e meta-andino.
A partir dos apontamentos que faço acima, dentro do que Pedro Granados traz para o diálogo em seu artigo, caminha na direção do que o autor chama de “opacidade vallejiana”, pois durante a escrita é possível aferir que em Trilce Vallejo torna-se hibrido ao trazer para os poemas o pensamento arquipélago, levando em consideração romper fronteiras, contemplando a relação universal entre os seres. A opacidade surge não enquanto desejo de edificar, mas como explorar os níveis de contatos culturais, hibridizantes.
Outro ponto a ser destacado no texto de Granados, é pensar em Trilce não só nos aspectos literários, mas também político e cultural dentro de um tempo e espaço histórico a partir da região andina.
Quanto a noção de “poética gêmeas”, Granados apresenta uma análise em que apresenta a relação entre as colinas/montanhas andinas com as ilhas caribenhas enquanto “mitos inscritos na paisagem”, assim como uma relação de complementaridade cultural dos Antes com as Amazônias (utilizo esse termo devido a sua heterogeneidade), mas que deixa claro que não em uma exata equivalência, visto que há nuanças nessas relações. A isso o autor acrescenta

O termo "cônjuges poéticos", ou complementar, reforça este último critério; embora também deslize - não enfaticamente, mas sutilmente - a noção de "simetria" (Bruno Latour) ou "multinaturalismo" (Eduardo Viveiros de Castro) na medida em que "cônjuges" se tornam - no mito - homens (cultura) e paisagem (natureza).

Essa complementaridade, em especial Andes e Caribe, é evidenciado por Granados nas leituras analíticas de Trilce I e Trilce II, destacando que esta relação, dos Andes com o Caribe, se manifesta em forma de representações presente nos dois poemas mencionados, assim como em outros textos de Vallejo, para demonstrar como o “pensamento arquipélago” e a “opacidade de vallejo” se dialogam dentro da “Poética do Relacionamento”.
O texto não é simples, carece de leituras pontuais mínimas de Glissant, a partir das construções que propõe sobre “Pensamento Arquipélago”, “Poética do Relacionamento” e “Direito da Opacidade”, como elementos reflexivos e relevantes na construção desse olhar sobre as relações entre Andes e Caribe como o todo-mundo que Glissant enfatiza e seus textos.


GRANADOS, Pedro. Lomismo/Islismo: Poéticas gemelas de César Vallejo. Revista Laboratorio, n°16, ISSN 0718-7467, Julio 2017. Disponível em: https://revistalaboratorio.udp.cl/index.php/laboratorio/article/view/266. Acesso em: 25 out. 2021.

terça-feira, 19 de outubro de 2021

Biografia de Balljo!


 

César Ballejo no Espaço/Tempo vivido!

 

Vallejo, inaugurador de una actitud de terrorismo poético sobre la lengua española (en su poesía, cuando aparece la lengua ordinaria, tiene el carácter de una cita), decolora el mito del discurso “literario” heredado del siglo xix y a la vez emancipa al hombre que en nuestro siglo vive, según Cela, atenazado por el triple garfio de lo que quisiera que las palabras dijesen, de lo que las palabras dicen y de lo que los demás pretenden que digan. En la escritura de este poeta hay, pues, una disección lingüística mas no estilística de las correcciones, susceptible de ser descrita por la teoría que Frei ha denominado gramática de las faltas.












El problema de la escritura poética, pues, consiste en que todo el lenguaje es una suma; para
expresarse hay que dar vida a una serie indefinida de palabras:
Quiero escribir, pero me sale espuma,
quiero decir muchísimo, y me atollo;
no hay cifra hablada que no sea suma,
no hay pirámide escrita, sin cogollo.
Quiero escribir, pero me siento puma;
quiero laurearme, pero me encebollo.
No hay tos hablada, que no llegue a bruma,
no hay dios, ni hijo de dios, sin desarrollo.





César Vallejo
Obra poética completa
Edición con facsímiles
ePub r1.0
Moro 18.10.13



https://www.google.com/search?q=César+Vallejo&client=opera&hs=sYb&sxsrf=AOaemvK8kNiqYeaC3tT6waxX51xueaUZ7g:1634662758200&source=lnms&tbm=isch&sa=X&ved=2ahUKEwjZnJ6o-dbzAhU1lZUCHRlEBLUQ_AUoA3oECAEQBQ&biw=984&bih=668&dpr=1#imgrc=D_RN_rI4KCjZGM&imgdii=ti3cTubVaI7lOM

Humanidades de César Vallejo:  La provocativa propuesta de Victor Quiroz en unal...

 

As críticas das teorias e dos monumentos contemporâneos!

São construções que representam a modernidade que a humanidade passou a chamar de civilização e modernidade, o processo dialético, como seres vivos e não vivos, mas todos os seres com os quais nos relacionamos, todos estamos vivos e formamos uma unidade com todos os seres. Nos relacionamos como os seres do presente e do passado, assim como os seres do povir, possuímos e somos possuídos pelos processos que nos constituem.

Não podemos perceber a limitação das teorias modernas, mas empreendermos processo que possam nos possibilitar discutir as limitações das teorias atuais. Vendo que a dialética e a evolução darwiniana, que não se aplica as pedras e os seres do passado nem aos seres do futuro, estão fora, digo a margem desses processo analíticos que as teorias atuais nos proporcionam. Não se aplica ao passado, pois o que nós podemos recuperar do passado são apenas fragmentos, a memória não está no passado, mas no presente, se estivesse no passado nos causaria traumas, mas como estar no presente, nos impulsiona ao futuro, as mestiçagens. Estamos todos incluídos no processo histórico.



MANOEL MESSIAS FEITOSA SOARES

quinta-feira, 7 de outubro de 2021



É preciso sentir para compreender. Assim são as poesias de César Vallejo.

Musicalizados, as poesias nos transmite não só o sentir, mas também o emocionar-se pelo conjunto.

 

quarta-feira, 6 de outubro de 2021

 

La provocativa propuesta de Victor Quiroz en una lectura-traducción de Trilce III a partir de un “movimiento” quechua sincrético y transcultural

En los dieciocho minutos que contienen la presentación de Victor Quiroz (que se ha introducido como un magister en literatura peruana y latinoamericana por la Universidad Mayor de San Marcos) en el IV Congreso Internacional Vallejo Siempre es posible hacer un largo e interesante recurrido por las diversas capas simbólicas y transculturales (como indica el propio Victor Quiroz)  de la obra de Vallejo a partir de dos “piedras centrales” que van a impulsar la conformación de todo un terreno hecho de una rica y compleja elaboración de la poética vallejiana, que como nos apunta Quiroz se hace no perdiendo de su horizonte la lógica del sistema mundo incaico, que una y otra vez se reordenaría por un aparente des-orden: el movimiento vital del pachakuti, que también hace bailar la creación/invención poética de Vallejo.

Tras un análisis que relaciona a los versos “dobladoras penas” y “Da las seis el ciego Santiago”, que componen el poema III de Trilce a otros escenarios propuestos por Vallejo en otros poemas suyos, además de una posible descodificación de los muchos planes simbólicos-transculturales de esos dos versos, Quiroz asume que Trilce III se organiza, pero yo digo, se des-organiza a partir de un pachakuti, porque inventa/ presenta un mundo al revés. Mundo en el que los seres del caos y de la oscuridad del uku pacha, mundo de abajo, que posiblemente han llenado la niñez de Vallejo y sus muchas relaciones, dominan sobre los agentes del orden y de la luz del hanan pacha, el mundo de arriba.

En la propuesta de Quiroz, las “dobladoras penas” hacen referencia a los dichos condenados o entidades quechuas que están asociadas al caos, pero que, el proceso de colonización hizo que se produjera un acercamiento o una mezcla de los conceptos posiblemente equivalentes de europeos y amerindios, lo que resulta en una aproximación de las dobladoras penas a las figuras de las almas en pena, aparecidos, fantasmas, todos estos, condenados. Es interesante la manutención de la idea de que los muertos/condenados siempre regresan, sea como fantasmas sin cuerpo, sea como muertos vivientes con cuerpo para PERTURBAR ESTE MUNDO.

Según Quiroz, en su propuesta de ‘traducción’ de Trilce III, se hace un énfasis en la dimensión corporal de estos seres que recorren el espacio (“por donde acaban de pasar”) y que presentan una cierta capacidad vocal (“gangueando”), que podría aludir a un habla gangosa o nasal. Tal materialidad acústica y ósea se complementaría con el adjetivo “dobladoras”, que, en la lectura de Quiroz, enfatiza esta dimensión de doblez, de curvatura en la columna vertebral, a un tiempo en que también puede hacer alusión a eso, de que doblan las campanas, de que suenan a partir del choque del badajo y de la parte interior de la campana.

Una de las cuestiones más interesantes para mí, como interlocutora de la “traducción” de Quiroz tiene que ver con el énfasis que elabora acerca de la condición de esos “condenados de los Andes” sobre los que Vallejo creció escuchando y que asustaban a las gallinas: son seres que no pueden morir y viven en una condición liminal entre vida y muerte. Según Quiroz han llegado a tal lugar/situación por la infracción de la ética comunitaria o porque sean víctimas de extrema violencia. POR ELLO LA APARICIÓN DE LOS CONDENADOS ES SIGNO DE UNA DESESTRUCTURACIÓN DEL SISTEMA MUNDO QUECHUA. Para Quiroz, dichas entidades, devienen agentes del caos que perturban la estabilidad del cosmos e intentan trastocar el orden establecido.

Tales seres se relacionan a la oscuridad o a este mundo de abajo, ya que emergen al mundo de aquí cuando se replican las condiciones dominantes de la oscuridad en el espacio que habitan, el uku pacha. Quiroz enfatiza que, en otros poemas, como en “Los dados eternos” y “A mi hermano Miguel”, en su versión final e inaugural hay relaciones establecidas por este mismo tema, ya que vallejo hace referencia a la figura del condenado en “Hoy que en mis ojos hay candelas como en un condenado”, que tiene que ver con este elemento quechua y su relación con tal sistema-mundo, además de la referencia a otra figura, que él considera la divinidad sincrética quechua católica, el ciego Santiago, que aparecerá en los Heraldos Negros como “el moderno dios-sol para el labriego” en los versos: “Luce el Apóstol en su trono, luego; y es, entre inciensos, cirios y cantares, el moderno dios-sol para el labriego”, que Quiroz también relaciona a los versos últimos que componen la primera versión de “A mi hermano Miguel”: “Dios llora un sol de sangre, como un abuelo ciego…” indicando que estos importantes elementos en su “traducción”, dios, sol y ciego (Santiago) serían elementos que eran trabajados por Vallejo y estaban en su horizonte creativo. Este símil, dios como un abuelo ciego reaparecería en Trilce III bajo la figura sincrética del ciego Santiago, que es, a la vez, una divinidad católica y un moderno dios-sol, el ciego sol sin luz, con que Vallejo puede pintar el crepúsculo, cuya oscuridad es necesaria para que emerjan los condenados.

Levaduras (po)éticas (Suerda)

 

Programa de Pós-graduação em Letras: Linguagem e Identidade

Disciplina: tópicos especiais I humanidades

Professor: Pedro Granados

Mestrando: Edilene Machado Barbosa

 

Após a leitura do texto “Mulher fatal, companheira e mãe na poesia de César Vallejo

  Este trabalho tem por objetivo abordar o espaço do desamparo em Trilce, uma das obras poéticas do autor peruano César Vallejo, publicada em 1922. A questão do desamparo, nessa obra, é caracterizada por uma carência na linguagem comum e na própria vida do autor, principalmente quando ele esteve preso. Adotou-se como fundamentação teórica a Estética de Hegel, uma vez que ela desenvolve em profundidade conceitos sobre poesia, linguagem e a subjetividade do poeta.

 

Ordenamento dos corpos de determinadas mulheres e homens no âmbito de narrativas históricas, ficcionais e memorialísticas esse texto mostra como a palavra cria e reinventa.  Para Glissant Éduard 1928 introdução a uma poética da Diversidade. Os povos que irrompem na comtemporeidade necessitam construir sua modernidade a força e as artes em geral, é a literatura em particular a função essencial na população do imaginário utópico de suas coletividade do contrario estas correm o risco de não se nomear e cala sua voz, sua identidade seu projeto coletivo.

 

A natureza comparativa do texto traz a pretensão de sinalizar a força e a capacidade da autora de Enredos da memória em inserir outras possibilidades de imaginar a vida, de sonhar o mundo, ou, seguindo a trilha aberta por Édouard Glissant (2005, p. 102-103).  

Tal é grosso modo a visão de um processo cuja continuidade foi percebida, nas 2 últimas décadas do século passado, pelo grupo de investigadores coordenados por Ana Pizarro, e que envolveu os trabalhos de ensaístas em língua espanhola e portuguesa, representativos da heterogeneidade constitutiva de nosso continente no que se refere aos âmbitos políticos, sociais e culturais. Tributária da crítica de cunho sociológico de Antônio Cândido e Angel Rama, a periodização da história literária proposta nas compilações La literatura latino-americana como processo (PIZARRO, 1985).

Um exemplo especifico que varias literaturas regionais ainda não consegue atingir em uma reflexão cientifica e os conhecimentos tradicionais, pois eles apresentam uma heterogeneidade constitutiva, dos modos de ser, dos diversos modos de atuar no mundo. Um Exemplo claro é dado específicos dos saberes Shanenawa em relação ao torno de um rito, como ato das parteiras. Venho aqui relatar narrativas das parteiras e pajés do povo Shanenawa, mais especificamente da Aldeia Morada Nova, que fica situada na terra indígena Katukina/Kaxinawa, onde residem cinco povos distintos, dentre eles Kuin-Kui, Madija, Kampa, Sapanawa e Shanenawa. Na leitura da poesia, compreender distintas formas de percepção e imaginário dos mundos Amazônicos.

Em vários momentos me via na história ali relatada no texto, pois

Uma grande parteira do povo Shanenawa, e conhecedora da cultura, tanto na culinária, na música, na organização política das mulheres. Seu nome indígena é Nãy Kasha. Dona Mariléia relata como começou o primeiro parto Shanenawa contando uma narrativa tradicional dos Shanenawa em que uma "ratinha" ensinou as mulheres a fazerem os partos.

 

Vejamos um pouco dessa narrativa: “Todas as mulheres que engravidavam tinham em mente que morreriam. Havia apenas uma mulher que fazia os partos e de todos que ela fazia, tirava o fígado da mãe para comer com pão de milho. Então, certo dia, uma "ratinha" ouviu a parteira dizendo que comia o fígado todas as vezes que ia fazer um parto. Já levava o pão de milho pronto para então comer com o fígado das mulheres. Em todos os partos que ela fazia, matava a mãe e deixava a criança com o pai. Já era certo que a parteira, quando terminava o parto, pegava o sangue e molhava no pão de milho. Todos os partos eram feitos da mesma maneira.

        

Então quando a "ratinha" ia para o paiol comer milho, vendo o sofrimento da mulher, ensinou a maneira mais leve de nascer às crianças Shanenawa. “Ensinou a fazer dieta, a fazer o pré-natal, como exemplo, não comer peixe Bodó, pois ele entra na loca dentro do rio, e ela ensinou para as mulheres Shanenawa que não fazia bem na hora do parto.”  Outra informação importante é que, após o parto, elas pegam a placenta, enterra e, antes de enterrar, passam parte da placenta nos lábios da mãe ao terminar o parto. Antes do parto, elas usam “Nautir” uma planta utilizada para facilitar o nascimento dos bebês Shanenawa. E a posição para o nascimento é sempre de cócoras. Narrativa contada pela parteira Nãy Kasha Mariléia Shanenawa.”

Essas narrativas articuladas com outros modos de registro e visão de mundo a valorização de outros saberes das parteiras e pajés shanenawa usa as plantas da floresta que passa de geração em geração. Permeando vários tipos de linguagens, por exemplo: o cantor, as plantas, a língua Shanenawa. Assim como no livro da autora Ana Pizarro.

 Assim como para o autor Edouard Glissant pensamos a relação poética e para o povo shanenawa a música os mariris, xicaris de uma boa colheita perpassa pela poesia, assim como os cantos dos pássaros as margens do Rio Envira. As mulheres indígenas são as protagonistas, em suas comunidades de muitas atividades, entre elas: das práticas culturais, da prática de plantio e cuidados dos bebês e dos idosos; mas também de práticas do parto, da pajelança tradicional e da liderança representativa da comunidade.

Ou seja, as mulheres indígenas acabam promovendo a vida cultural e a continuidade da vida da comunidade. No entanto, essa continuidade da ação das parteiras enfrenta um problema que é o próprio sistema de atendimento das mulheres indígena na saúde. O povo indígena Shanenawa tem seus períodos de lutas, resistências e conquistas de sobrevivências. Há relato sobre a história do povo Shanenawa: falado especificamente pelo patriarca Shanenawa, Inácio Brandão, pai do Bruno Brandão.

Ele nos falava que os Shanenawa viviam em absoluta harmonia, com as famílias, longe dos contatos e livre das ameaças. Após o contato com o homem branco tivemos que aprender lutar para sermos reconhecido como um povo. E tivemos que lutar bastantes para temos acesso a saúdes, educação, mantemos nossa crença, é hoje com a tecnologia, temos que fortalece entre outras práticas culturais e principalmente a nossa língua materna, com nossas parteiras e pajés. Assim, a temática do texto

É perceptível também a passagem que o grupo fez entre o projeto de publicar uma história da Literatura Latino-americana para uma antologia de textos críticos, dispostos de acordo com os períodos delineados no documento final da reunião de Campinas. Se tal passagem se explica por problemas imprevistos que ocorreram, o fato é que ela também demostra certa compreensão súbita do grupo da necessidade de talvez por isso antes de partir para um projeto mais ambicioso, dentro da linha várias vezes enfatizada na introdução ao livro de 85, sobre o caráter não exaustivo e ainda provisório, do trabalho, dentro das possibilidades atuais de um grupo composto basicamente de estudiosos de literatura e especialistas em certas literaturas nacionais, sem a visão mais abrangente, exigida pela perspectiva comparatista adotada. Assim, nessa etapa, fica para o leitor a tarefa de estabelecer relações, sobretudo entre as literaturas hispano-americanas e brasileiras, Ana Pizarro, primeira leitora, em introduções como esta, começa por dar o exemplo:

                                 "(...) no hay en los trabajos de este volumen un desarrollo comparativo de las dos unidades culturales, Hispanoamérica y Brasil. Es una tarea necessária que la investigación deberá asumir en el futuro. El aporte que pueden entregar estos articulos es el de un primer paso: el del señalamiento de algunos temas al modo de columnas paralelas que permitan al lector reflexionar sobre las relaciones, que un estudio posterior necesitará integrar en el juego de sus identidades, correlaciones, desfases (3)."

Na verdade, a opção pela antologia temática assim organizada, evidencia que o resultado do trabalho transcende a história literária, pois esta, como gênero consagrado e conhecido, não daria conta dos princípios que norteiam este projeto. É como se ele ficasse, ao mesmo tempo aquém e além de uma história literária. Aquém de uma nova, ainda por inventar, e além dos modelos existentes que ele, como Pizarro diz, transborda.

 Desdenhar fronteiras disciplinaria e assumir a amplitude de um olhar cultural, situando-se na confluência de várias disciplinas, entre as quais a crítica literária é apenas uma, eis o desafio muito discutido em outros momentos desse diálogo e no texto de 85. Mas, ao mesmo tempo, com a modéstia de quem sabe que as categorias fundamentais com que estão trabalhando são retiradas dos estudos literários, embora com alguma ajuda de história, sociologia, antropologia. Se a realidade é múltipla (e, sendo na América Latina essa multiplicidade étnica, social geográfica, cultural e, portanto, temporal--tópico constante da discussão-- ficam mais insuficientes ainda os métodos da "estrita perspectiva histórico-literária tradicional" tal como Ana, brevemente, a define.

 Reconhece-se também a necessidade, sobretudo para o período colonial, de sair das fronteiras das disciplinas, armando um "amplo olhar cultural num espaço de fusão, intersecção de disciplinas: sociologia da cultura, história literária, história das ideias, semiologia, crítica literária ou antropologia cultural".

 

REFERÊNCIAS:

 

BERNUCCI, Leopoldo M. Paraíso suspeito: a voragem amazônica. Tradução de Geraldo Gerson de Souza. São Paulo (SP): Edusp, 2017.

BERNUCCI, Leopoldo M. La vorágine amazónica: paraíso sospechoso. Bogotá (Colômbia): Editorial Pontificia;

GLISSANT, E. PIZARRO, Ana (Coord.). Latinoamérica: el processo literário. Santiago (Chile): HIL Editores, 2014.

 

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM LETRAS LINGUAGEM E IDENTIDADE

DISCIPLINA: TÓPICOS ESPECIAIS I HUMANIDADES

PROFESSOR: DR PEDRO GRANADOS

MESTRANDO: DANILO RODRIGUES DO NASCIMENTO

 

O vídeo intitulado “ IV Congreso Internacional Vallejo Siempre - Stephen Hart. "'Y la tórtola corta en tres su trino': la poesia de Vallejo"  apresenta uma imersão na vida, nas obras e nas poesias de César Vallejo. O professor Stephen Hart usou três momentos para falar de Vallejo, a primeira perspectiva foi romantismo, o segundo momento dadaísmo e o terceiro momento  trotskismo. Deste modo, ao longo de sua fala, o professor Stephen Hard, destaca as seguintes obra de Vallejo, por exemplo, Los heraldos negros (1919), Trilce (1922), Pueblos Humanos (publicado um ano depois de sua morte).

Assim, o palestrante vai destacando como Vallejo destroça a linguagem, desenvolve novos sentidos fonético e como os seus poemas são violentos e revolucionários. Portanto, o vídeo vai desvelando como os poemas de Vallejo estão no espaço dinâmicos e fronteiriços, que trazem à tona a vida nos cotidianos, os diferentes mundos em conexões e tensões, as identidades, as relações amorosas e as convergências culturais. A trajetória de Vallejo, não é retilínea e progressista, mas foi tecida a partir de atravessamentos, resistências, re(existências) e do rastro/resíduo (GLISSANT, 2005), ou seja, que se desenvolve no corpo, no papel, nas letras, nas linguagens entre tantas outras formas de cantar as diversidade, contra os processos de opressões que veem do “penso, logo existo” do filósofo racionalista René Descartes e do “velho mundo”.      

Os poemas destacados mostram o caráter indisciplinar e transdisciplinar dos escritos de César Vallejo, pois este escritor desloca a linguagem de opressão e traz à tona os processos de resistências por meio da Linguística Aplicada Indisciplinar (MOITA LOPES, 2006), isto é, através dos poemas que contam, recontam e narram o cotidiano a partir das táticas e estratégias (CERTEAU, 1998) na invenção, nas sobrevivências e nos usos e interações na linguagem do/no cotidiano desses sujeitos históricos.     

 

REFERÊNCIAS

 

GLISSANT, Èdouard. Introdução a uma poética da diversidade. Tradução de Enilce do Carmo Albergaria Roch. – Juiz de Fora: Editora UFJF, 2005.

 

MOITA LOPES, Luiz Paulo da (org). Por uma Linguística Aplicada Indisciplinar. São Paulo: Parábola Editorial, 2006.

 

CERTEAU, Michel: A invenção do cotidiano: 1. Artes de fazer. Petrópolis: Vozes, 1998

 

segunda-feira, 4 de outubro de 2021

Uma particular relação entre Vallejo e Rússia

‘La indígena morenez del estilo y el alma’: presencia de César Vallejo en Rusia, trabalho apresentado por Sebatián Moranta


        O trabalho intitulado de ‘La indígena morenez del estilo y el alma’: presencia de César Vallejo en Rusia, foi apresentado no IV Congresso Internacional Vallejo Siempre, por Sebastián Moranta, da Universidade de Kassel, na Alemanha.

        Ele se desenvolve a partir de uma leitura que tem como princípio básico compreender a relação de Vallejo com a Rússia e a cultura russa, tanto nos aspectos ideológicos quanto do interesse de Vallejo pelo marxismo.

        A partir da fala de Moranto, durante a apresentação de sua comunicação científica, o comunicador trouxe várias informações pertinentes aos estudos de Vallejo, dentre as quais mencionarei quatro pontos que foram abordados por Moranto:

1 As três viagens de Cesar Vallejo para a União Soviética, corrido nos anos de 1928, 1929 e 1931;

2 As expectativas frustradas de Vallejo para uma nova viagem à Rússia, no ano de 1933, e a singular correspondência feita com o hispanista Fyodor Kjelling, conservada, atualmente, no Arquivo Estatal Russo;

3 Duas obras de Vallejo sobre a União Soviética: Rússia 1931: reflexões para o pé do Kremlin (1931) e Rússia antes do segundo pano quinquenal (1965);

4 Tradução das duas principais obras de Vallejo: Los heraldos negros e Trilce. Poemas humanos;

        Dos pontos mencionados, Moranto destaca que, das três viagens feitas por Vallejo, a primeira viagem não foi o que o poeta esperava, pois seu entusiasmo se esbarrou numa realidade dura, apesar dos contatos feitos, inicialmente, não foi frutífera para a publicação de suas obras. A segunda viagem foi mais significativa, embora não tenha atingido o objetivo de entrar no rol de traduções para suas obras, pode manter contato com vários intelectuais russos, incluindo Vladmir Maiakovsky, com quem pode assistir o filme A linha geral (O velho e o novo), de Sergei Eisenstein. Esse filme contribuiu efetivamente na escrita do livro Rússia 1931: reflexões aos pés do Kremlin, obra esta que em seu conteúdo destacava as inovações do cinema para divulgar mensagens revolucionárias e marxistas. Ainda durante a segunda viagem, Vallejo conhece Boris A. Pesis, secretário de VOLKS, entidade de intercâmbio entre intelectuais russos com intelectuais europeus e americanos. Participou, também, de uma reunião com escritores bolcheviques, na casa do poeta e narrador Serguéi Kolbásiev, em Leningrado. Todos estes acontecimentos, possibilitou a Vallejo manter contato com um grande número de intelectuais russos. 

        Entretanto, foi na terceira viagem que Vallejo que consegue a promessa de ter seu livro El tungsteno publicado em russo, em 1932 e, em 1933, em ucraniano, efetivando, assim, seu desejo e interesse em entrar no campo das traduções. O ponto negativo dessa tradução é que Vallejo, conforme menciona Morana em seu discurso, parece não ter conseguido receber pelas vendas de sua obra traduzida.

        Morana, em seu dircurso, traz outras informações importantes, dentre elas o fato de que Vallejo não conseguiu permanecer muito tempo na URSS, mas se propôs a contribuir com as publicações soviéticas desde que recebesse honorários. Destaca que Vallejo se considerava um marxista, mais pelas suas experiências adquiridas pelo tempo vivido na URSS do que pelas ideias estudas. Sobre esse período, mas especificamente em 1928, ao saber da criação do Partido Socialista Peruano, Vallejo redigiu um documento para criar uma célula do partido em Paris, declarando abertamente sua ruptura com os apristas do Peru. Nesta mesma época passa a se corresponder com a sociedade intelectual da URSS. 

        Durante muito tempo Vallejo tentou voltar uma quarta vez para URSS, mas devido o silêncio e as dificuldades em conseguir os documentos necessários para emitir as passagens e outros documentos, acabou frustrando-se, mesmo solicitando e insistindo repetidas vezes uma resposta do grupo de intelectuais, os VOLKS. Victória Popova, em seu artigo Ninguém escreve para o escritor, fica evidenciado o silêncio de VOLKS em relação as cartas que Vallejo escrevera.

        Moranta, destaca que a obra Rússia 1931: reflexões aos pés do Kremlin foi tido como uma espécie de best seller em Madri, pois em menos de 4 meses foram publicadas três edições sucessivas. Nesta obra, Vallejo deixou evidente a sua apologia as bondades da aplicação do marxismo, conforme percebera nas suas duas primeiras viagens a URSS. Quanto ao segundo livro, possui a mesma temática do primeiro, por isso só foi publicado em 1965.

        Moranta destaca que a presença de Vallejo na Rússia resultou na publicação das obras Los heraldos negros, Trilce e Poemas humanos, resultando em uma obra com cerca de 800 páginas. Tal publicação foi coordenada por Víktor Andréyev e Kiril Korkononósenko, que reuniu o trabalho de 23 tradutores. Outras obras foram publicadas em russo, é o caso da obra Obras Escolhidas (1984) e Poetas do Peru (1982).

        Desse modo, a partir do que foi exposto durante o discurso da comunicação feita por Sebastián Moranta (Universität Kassel, Alemania), que Vallejo é transnacional, não pode ser pensado localmente, é preciso pensa-lo como um poeta-escritor que ultrapassou fronteiras.


Obs.: Abaixo, transcrevo o resumo aceito para a participação de Moranta no IV Congresso Internacional Vallejo Siempre:

La conexión de Vallejo con Rusia nos lleva a ocuparnos de su creciente interés por el marxismo a partir de la segunda mitad de los años veinte, y de los tres viajes que realizó a la URSS (en 1928, 1929 y 1931), cuyas impresiones reunió en los libros de reportajes y crónicas Rusia en 1931. Reflexiones al pie del Kremlin y Rusia ante el segundo plan quinquenal. Aquí nos hemos propuesto combinar estos hitos de la biobibliografía vallejiana con un repaso a lo más significativo de las traducciones de su obra al ruso. Fruto de los contactos que Vallejo logró establecer entonces, en particular con el hispanista F. V. Kel’in, su novela proletaria El tungsteno sería publicada poco después en ruso (1932) y en ucraniano (1933). La presencia editorial de Vallejo en Rusia culmina en el volumen Los heraldos negros. Trilce. Poemas humanos [Чёрные герольды. Трильсе. Человечьи стихи] (2016), un ambicioso proyecto y acontecimiento editorial (casi 800 páginas) coordinado por los filólogos hispanistas de San Petersburgo Víktor Andréyev y Kiril Korkonósenko, y que reúne la labor de 23 traductores.

Referência do vídeo sobre a comunicação feita por Moranta:

IV Congreso Internacional Vallejo Siempre - Sebastián Moranta. MORANTA, Sebastián. ‘La indígena morenez del estilo y el alma': presencia de César Vallejo en Rusia. Publicado em: 29 set. 2021. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=32KPQjLO4Ls. Acesso em: 30 set. 2021.


Obs.: Para quem quiser conhecer um pouco da primeira obra de Vallejo publicado na Rússia: clique -> El Tungsteno


Adel M. H.


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