quarta-feira, 6 de outubro de 2021

 

Programa de Pós-graduação em Letras: Linguagem e Identidade

Disciplina: tópicos especiais I humanidades

Professor: Pedro Granados

Mestrando: Edilene Machado Barbosa

 

Após a leitura do texto “Mulher fatal, companheira e mãe na poesia de César Vallejo

  Este trabalho tem por objetivo abordar o espaço do desamparo em Trilce, uma das obras poéticas do autor peruano César Vallejo, publicada em 1922. A questão do desamparo, nessa obra, é caracterizada por uma carência na linguagem comum e na própria vida do autor, principalmente quando ele esteve preso. Adotou-se como fundamentação teórica a Estética de Hegel, uma vez que ela desenvolve em profundidade conceitos sobre poesia, linguagem e a subjetividade do poeta.

 

Ordenamento dos corpos de determinadas mulheres e homens no âmbito de narrativas históricas, ficcionais e memorialísticas esse texto mostra como a palavra cria e reinventa.  Para Glissant Éduard 1928 introdução a uma poética da Diversidade. Os povos que irrompem na comtemporeidade necessitam construir sua modernidade a força e as artes em geral, é a literatura em particular a função essencial na população do imaginário utópico de suas coletividade do contrario estas correm o risco de não se nomear e cala sua voz, sua identidade seu projeto coletivo.

 

A natureza comparativa do texto traz a pretensão de sinalizar a força e a capacidade da autora de Enredos da memória em inserir outras possibilidades de imaginar a vida, de sonhar o mundo, ou, seguindo a trilha aberta por Édouard Glissant (2005, p. 102-103).  

Tal é grosso modo a visão de um processo cuja continuidade foi percebida, nas 2 últimas décadas do século passado, pelo grupo de investigadores coordenados por Ana Pizarro, e que envolveu os trabalhos de ensaístas em língua espanhola e portuguesa, representativos da heterogeneidade constitutiva de nosso continente no que se refere aos âmbitos políticos, sociais e culturais. Tributária da crítica de cunho sociológico de Antônio Cândido e Angel Rama, a periodização da história literária proposta nas compilações La literatura latino-americana como processo (PIZARRO, 1985).

Um exemplo especifico que varias literaturas regionais ainda não consegue atingir em uma reflexão cientifica e os conhecimentos tradicionais, pois eles apresentam uma heterogeneidade constitutiva, dos modos de ser, dos diversos modos de atuar no mundo. Um Exemplo claro é dado específicos dos saberes Shanenawa em relação ao torno de um rito, como ato das parteiras. Venho aqui relatar narrativas das parteiras e pajés do povo Shanenawa, mais especificamente da Aldeia Morada Nova, que fica situada na terra indígena Katukina/Kaxinawa, onde residem cinco povos distintos, dentre eles Kuin-Kui, Madija, Kampa, Sapanawa e Shanenawa. Na leitura da poesia, compreender distintas formas de percepção e imaginário dos mundos Amazônicos.

Em vários momentos me via na história ali relatada no texto, pois

Uma grande parteira do povo Shanenawa, e conhecedora da cultura, tanto na culinária, na música, na organização política das mulheres. Seu nome indígena é Nãy Kasha. Dona Mariléia relata como começou o primeiro parto Shanenawa contando uma narrativa tradicional dos Shanenawa em que uma "ratinha" ensinou as mulheres a fazerem os partos.

 

Vejamos um pouco dessa narrativa: “Todas as mulheres que engravidavam tinham em mente que morreriam. Havia apenas uma mulher que fazia os partos e de todos que ela fazia, tirava o fígado da mãe para comer com pão de milho. Então, certo dia, uma "ratinha" ouviu a parteira dizendo que comia o fígado todas as vezes que ia fazer um parto. Já levava o pão de milho pronto para então comer com o fígado das mulheres. Em todos os partos que ela fazia, matava a mãe e deixava a criança com o pai. Já era certo que a parteira, quando terminava o parto, pegava o sangue e molhava no pão de milho. Todos os partos eram feitos da mesma maneira.

        

Então quando a "ratinha" ia para o paiol comer milho, vendo o sofrimento da mulher, ensinou a maneira mais leve de nascer às crianças Shanenawa. “Ensinou a fazer dieta, a fazer o pré-natal, como exemplo, não comer peixe Bodó, pois ele entra na loca dentro do rio, e ela ensinou para as mulheres Shanenawa que não fazia bem na hora do parto.”  Outra informação importante é que, após o parto, elas pegam a placenta, enterra e, antes de enterrar, passam parte da placenta nos lábios da mãe ao terminar o parto. Antes do parto, elas usam “Nautir” uma planta utilizada para facilitar o nascimento dos bebês Shanenawa. E a posição para o nascimento é sempre de cócoras. Narrativa contada pela parteira Nãy Kasha Mariléia Shanenawa.”

Essas narrativas articuladas com outros modos de registro e visão de mundo a valorização de outros saberes das parteiras e pajés shanenawa usa as plantas da floresta que passa de geração em geração. Permeando vários tipos de linguagens, por exemplo: o cantor, as plantas, a língua Shanenawa. Assim como no livro da autora Ana Pizarro.

 Assim como para o autor Edouard Glissant pensamos a relação poética e para o povo shanenawa a música os mariris, xicaris de uma boa colheita perpassa pela poesia, assim como os cantos dos pássaros as margens do Rio Envira. As mulheres indígenas são as protagonistas, em suas comunidades de muitas atividades, entre elas: das práticas culturais, da prática de plantio e cuidados dos bebês e dos idosos; mas também de práticas do parto, da pajelança tradicional e da liderança representativa da comunidade.

Ou seja, as mulheres indígenas acabam promovendo a vida cultural e a continuidade da vida da comunidade. No entanto, essa continuidade da ação das parteiras enfrenta um problema que é o próprio sistema de atendimento das mulheres indígena na saúde. O povo indígena Shanenawa tem seus períodos de lutas, resistências e conquistas de sobrevivências. Há relato sobre a história do povo Shanenawa: falado especificamente pelo patriarca Shanenawa, Inácio Brandão, pai do Bruno Brandão.

Ele nos falava que os Shanenawa viviam em absoluta harmonia, com as famílias, longe dos contatos e livre das ameaças. Após o contato com o homem branco tivemos que aprender lutar para sermos reconhecido como um povo. E tivemos que lutar bastantes para temos acesso a saúdes, educação, mantemos nossa crença, é hoje com a tecnologia, temos que fortalece entre outras práticas culturais e principalmente a nossa língua materna, com nossas parteiras e pajés. Assim, a temática do texto

É perceptível também a passagem que o grupo fez entre o projeto de publicar uma história da Literatura Latino-americana para uma antologia de textos críticos, dispostos de acordo com os períodos delineados no documento final da reunião de Campinas. Se tal passagem se explica por problemas imprevistos que ocorreram, o fato é que ela também demostra certa compreensão súbita do grupo da necessidade de talvez por isso antes de partir para um projeto mais ambicioso, dentro da linha várias vezes enfatizada na introdução ao livro de 85, sobre o caráter não exaustivo e ainda provisório, do trabalho, dentro das possibilidades atuais de um grupo composto basicamente de estudiosos de literatura e especialistas em certas literaturas nacionais, sem a visão mais abrangente, exigida pela perspectiva comparatista adotada. Assim, nessa etapa, fica para o leitor a tarefa de estabelecer relações, sobretudo entre as literaturas hispano-americanas e brasileiras, Ana Pizarro, primeira leitora, em introduções como esta, começa por dar o exemplo:

                                 "(...) no hay en los trabajos de este volumen un desarrollo comparativo de las dos unidades culturales, Hispanoamérica y Brasil. Es una tarea necessária que la investigación deberá asumir en el futuro. El aporte que pueden entregar estos articulos es el de un primer paso: el del señalamiento de algunos temas al modo de columnas paralelas que permitan al lector reflexionar sobre las relaciones, que un estudio posterior necesitará integrar en el juego de sus identidades, correlaciones, desfases (3)."

Na verdade, a opção pela antologia temática assim organizada, evidencia que o resultado do trabalho transcende a história literária, pois esta, como gênero consagrado e conhecido, não daria conta dos princípios que norteiam este projeto. É como se ele ficasse, ao mesmo tempo aquém e além de uma história literária. Aquém de uma nova, ainda por inventar, e além dos modelos existentes que ele, como Pizarro diz, transborda.

 Desdenhar fronteiras disciplinaria e assumir a amplitude de um olhar cultural, situando-se na confluência de várias disciplinas, entre as quais a crítica literária é apenas uma, eis o desafio muito discutido em outros momentos desse diálogo e no texto de 85. Mas, ao mesmo tempo, com a modéstia de quem sabe que as categorias fundamentais com que estão trabalhando são retiradas dos estudos literários, embora com alguma ajuda de história, sociologia, antropologia. Se a realidade é múltipla (e, sendo na América Latina essa multiplicidade étnica, social geográfica, cultural e, portanto, temporal--tópico constante da discussão-- ficam mais insuficientes ainda os métodos da "estrita perspectiva histórico-literária tradicional" tal como Ana, brevemente, a define.

 Reconhece-se também a necessidade, sobretudo para o período colonial, de sair das fronteiras das disciplinas, armando um "amplo olhar cultural num espaço de fusão, intersecção de disciplinas: sociologia da cultura, história literária, história das ideias, semiologia, crítica literária ou antropologia cultural".

 

REFERÊNCIAS:

 

BERNUCCI, Leopoldo M. Paraíso suspeito: a voragem amazônica. Tradução de Geraldo Gerson de Souza. São Paulo (SP): Edusp, 2017.

BERNUCCI, Leopoldo M. La vorágine amazónica: paraíso sospechoso. Bogotá (Colômbia): Editorial Pontificia;

GLISSANT, E. PIZARRO, Ana (Coord.). Latinoamérica: el processo literário. Santiago (Chile): HIL Editores, 2014.

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