quinta-feira, 28 de outubro de 2021

Uma breve explanação sobre o artigo Lomismo/Islismo: Poéticas gemelas de César Vallejo, escrito por Pedro Granados


Uma breve explanação sobre o artigo Lomismo/Islismo: Poéticas gemelas de César Vallejo, escrito por Pedro Granados

Adel Malek Hanna

O artigo Lomismo/Islismo: Poéticas gemelas de César Vallejo, escrito por Pedro Granados, promove uma reflexão a partir dos poemas I e II de Trilce, em que o primeiro relaciona-se com o Islismo, e o segundo com Lomismo. Nessa construção, o autor propõe fazer uso do “pensamento arquipélago”, que tem como princípio não de um relativismo, como sendo uma ilha isolada, e muito menos de totalidade como os limites impostos do continente, mas sim como sendo uma visão de todo-mundo, a totalidade de dados conhecidos e desconhecidos nesse todo-mundo. O segundo, e não menos importante, é a “Poética do Relacionamento”, um pensamento rizomático em que toda identidade se prolonga em uma relação com o outro. E o terceiro trata-se do “direito da opacidade”, não enquanto espaço impenetrável, fechado, mas como subsistência de singularidade, de coexistência, um modo de relação que rompe com a redutibilidade. A partir da compreensão dos três elementos apresentados, torna-se perceptível a proposta de Granados em estabelecer o entrelaçamento entre o meta-arquipélago e meta-andino.
A partir dos apontamentos que faço acima, dentro do que Pedro Granados traz para o diálogo em seu artigo, caminha na direção do que o autor chama de “opacidade vallejiana”, pois durante a escrita é possível aferir que em Trilce Vallejo torna-se hibrido ao trazer para os poemas o pensamento arquipélago, levando em consideração romper fronteiras, contemplando a relação universal entre os seres. A opacidade surge não enquanto desejo de edificar, mas como explorar os níveis de contatos culturais, hibridizantes.
Outro ponto a ser destacado no texto de Granados, é pensar em Trilce não só nos aspectos literários, mas também político e cultural dentro de um tempo e espaço histórico a partir da região andina.
Quanto a noção de “poética gêmeas”, Granados apresenta uma análise em que apresenta a relação entre as colinas/montanhas andinas com as ilhas caribenhas enquanto “mitos inscritos na paisagem”, assim como uma relação de complementaridade cultural dos Antes com as Amazônias (utilizo esse termo devido a sua heterogeneidade), mas que deixa claro que não em uma exata equivalência, visto que há nuanças nessas relações. A isso o autor acrescenta

O termo "cônjuges poéticos", ou complementar, reforça este último critério; embora também deslize - não enfaticamente, mas sutilmente - a noção de "simetria" (Bruno Latour) ou "multinaturalismo" (Eduardo Viveiros de Castro) na medida em que "cônjuges" se tornam - no mito - homens (cultura) e paisagem (natureza).

Essa complementaridade, em especial Andes e Caribe, é evidenciado por Granados nas leituras analíticas de Trilce I e Trilce II, destacando que esta relação, dos Andes com o Caribe, se manifesta em forma de representações presente nos dois poemas mencionados, assim como em outros textos de Vallejo, para demonstrar como o “pensamento arquipélago” e a “opacidade de vallejo” se dialogam dentro da “Poética do Relacionamento”.
O texto não é simples, carece de leituras pontuais mínimas de Glissant, a partir das construções que propõe sobre “Pensamento Arquipélago”, “Poética do Relacionamento” e “Direito da Opacidade”, como elementos reflexivos e relevantes na construção desse olhar sobre as relações entre Andes e Caribe como o todo-mundo que Glissant enfatiza e seus textos.


GRANADOS, Pedro. Lomismo/Islismo: Poéticas gemelas de César Vallejo. Revista Laboratorio, n°16, ISSN 0718-7467, Julio 2017. Disponível em: https://revistalaboratorio.udp.cl/index.php/laboratorio/article/view/266. Acesso em: 25 out. 2021.

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